segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Men Torsos Series - Série Torsos Masculinos (Provincetown, MA - 2017)

(P)  No início da adolescência, eu costumava assistir muitos desenhos animados sendo dois deles meus favoritos: "He-man" e "She-ra". Em certo ponto, comecei a prestar atenção em detalhes de cada personagem como o nariz, os olhos, o perfil e as proporções do corpo. Instintivamente comecei a desenhar do meu jeito aquilo que tanto me inspirava. Uma vez minha irmã viu um desses meus desenhos inspirados naqueles programas e ela me pediu para desenhá-la. Ela adorou o resultado - o que foi um incentivo pra eu continuar fazendo. Empolgado, passei a combinar as características que eu observava nos desenhos animados com pessoas reais, e dando nome a cada um deles que geralmente eram mulheres. Eu tinha receio de desenhar personagens masculinos e mostrá-los para os outros. Certamente por medo de chamar atenção para algo que eu precisava esconder - a minha sexualidade, bem confusa naquela idade. Os anos se passaram e graças a Deus eu me resolvi muito bem sobre esse assunto. 
  Quando estava no Rio em março de 2017, eu tinha acabado a série "Bichos" e estava procurando inspiração pra desenhar uma coisa diferente das que eu já vinha fazendo como edificações e paisagens. Foi então que tive a vontade de desenhar um homem de barba e essa foi a chispa para uma nova série. Fiz diferentes tipos masculinos, incluindo torsos musculosos a cada um deles. Confesso que foi uma libertação. De volta à Provincetown em maio, comecei a preparar a minha nova exposição: "Episódios de Provincetown". Após alguns meses de trabalho, eu tinha 12 peças em mãos, sendo 5 delas sobre paisagens de Provincetown e 7 com os desenhos dos torsos masculinos. Meu amigo Tom, ao ver aqueles desenhos me incentivou a também fazer camisetas com aqueles desenhos. Depois de alguma resistência, propuz ao John (Niblock), dono da Hook Provincetown - a loja de camisetas onde eu trabalhei - de fazermos as camisas. Ele topou e as camisetas foram um sucesso, assim como a exposição. Confesso que desenhar esses torsos masculinos foi libertador e agora mais do que nunca, motivo de orgulho por serem parte da minha arte.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

"Série Flamingos" / Flamingo Series - Vila Velha / Espírito Santo / Brasil.

(P)  Nos primeiros dias após a minha volta ao Brasil, na véspera do Natal em 2016, minha  minha mãe me fez uma encomenda: ela queria que eu desenhasse uns flamingos pra ela, e também emoldurá-los e pendurá-los na parede da sala. A inspiração demorou um pouco... Eu queria fazer algo que mamãe gostasse muito! E eu sei que pra ela seria a combinação de simplicidade, amor e detalhes. Pesquisei diversas imagens online mas foi numa revista de crochê que mamãe mostrou que eu encontrei a melhor inspiração. Com os desenhos prontos, fomos juntos ao shopping escolher as molduras. A última coisa foi pendurar. Mamãe trouxe o metro pra eu não martelar os pregos em diferentes alturas 😎. Essa experiência significou muito pra mim e tenho muito orgulho em saber que minha arte tem exposição permanente lá em casa.


(E)  During the first days after my return to Brazil, before Christmas in 2016, my mother asked me for a special order: she wanted me to draw some Flamingos for her,  frame it and hang it on the dining room wall. The inspiration didn't come fast... I wanted to do a thing she'd love! And I know that to her it should be the combination of simplicity, love and detail. I researched many online images but it was in a crochet magazine that mom showed me that I found the best inspiration. With the drawings done, we went together to the mall to chose the frames. The last thing was to hang them. Mom brought the tape measurer to make sure I would hammer the nails at the same level 😎. This experience meant a lot to me and I'm so proud that my art is in permanent exhibition at Mom's home.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Série Bichos / Animals Series - Rio de Janeiro, Março de 2017


 (P)  Quando estava no Brasil no início de 2017, meu amigo Ikariano Luis me ofereceu um job de uma semana no Rio.    Ika havia se mudado a poucos dias para o Flamengo, onde fiquei hospedado com ele. Ao chegar no apartamento, fui recebido calorosamente por "Scarlet", sua Golden Retriever. A presença da Scarlet na porta do meu quarto durante aquela temporada era constante, principalmente nos dias em que o Ika estava viajando a trabalho. 



  Apesar de bagunceira, Scarlet é extremamente dócil, carinhosa e adora brincar, e a convivência com ela me trouxe inspiração para fazer alguns desenhos com bichos. Dias depois  eu já tinha uma nova série com seis desenhos e a cada vez que eu os olhava sentia a mesma ternura de quando a Scarlet estava por perto. Ika e Scarlet são sem dúvida parte desse trabalho.


(E)  When I was in Brazil in the beginig of 2017, my friend Ikariano Luis offered me an one week job in Rio. Ika had moved few days before to Flamengo neighborhood, where I stayed as his guest. When I arrived at the apartment, I was warmly received by Scarlet, his Golden Retriever. During that days, Scarlet constantly present in front of my room's door, specialty when Ika was traveling for work. Even mischivous, Scarlet is very docile, affectionate and loves to play and the convivence with her broughtme inspiration to do some drawings about animals. Some day after, I got a new colection with six pieces and each time I looked at it, I felt the same tenderness when Scarlet was around. Ika and Scarlet without doubt are part of this work.





sábado, 25 de novembro de 2017

"Série Rio de Janeiro" / Rio Series - February 2017

(P)  Fui ao Rio pela primeira vez no Carnaval de 2003. Nessa época eu estava no último ano da minha faculdade de Engenharia Florestal na Universidade Federal de Viçosa (MG). Lembro que foi paixão à primeira vista. Fiquei encantado já no trajeto Rodoviária-Copacabana que aos poucos revelava o Pão de Açúcar ao chegar na Praia de Botafogo. Lá conheci muita gente, dentre eles amigos aos quais estou ligado até hoje. 

  Em 2005, já no mestrado (também na UFV) passei a ir com mais frequência no Rio, ficando hospedado com meu amigo André Trigo em Ipanema. Foram muitas aventuras... até hoje quando a gente se fala tem sempre espaço reservado pra sessão nostalgia. Lembro-me que num dia quente e ensolarado, todo mundo na praia no Posto 9, consegui convencer o André a ir comigo no Museu de Arte Moderna no Aterro do Flamengo pra ver a exposição do Centenário de Carmen Miranda (e quando me apaixonei por ela). 


  Muitas histórias e a certeza de que um dia eu moraria naquela cidade. Esse sonho veio a se realizar em 2009 quando deixei a cidade de Ubá (MG) onde eu trabalhava como engenheiro pra recomeçar a minha vida no Rio. Eu tinha sido aprovado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro para a minha segunda faculdade: Relações Públicas.  

  Após 3 semanas vivendo no Rio, conheci meu amigo Tiago Pegorim que na época estava procurando alguém pra dividir o apartamento onde ele morava em Laranjeiras. Já na Uerj descobri uma vizinha de Laranjeiras na mesma turma de RP: Elisa Olsson. Nossa amizade foi inevitável. A proximidade e a vivência nos proporcionou uma grande amizade (experimentamos até Namastê no Cosme Velho).   Também na Uerj fui aluno do professor Antônio Medina, que também se tornou um amigo e mentor. Em 2011, tive a chance de morar no apartamento que foi da mãe do Medina em Botafogo. Da varanda eu via Cristo Redentor diariamente, durante os 3 anos que lá vivi. No final de 2013 me mudei para a Urca onde fui room mate da minha amiga Graça Correia Lima e de onde passei a ver o Pão de Açúcar bem de pertinho, todos os dias, até a minha vinda para os Estados Unidos em maio de 2014. Existem diversas pessoas e histórias incríveis entre essas linhas, que levo comigo pra sempre. A minha série "Rio de Janeiro" é uma homenagem a essa cidade, que eu adoro.


quinta-feira, 16 de novembro de 2017

"Provincetown Thru My Eyes": minha primeira exposição de arte..

 
(P) Quando eu voltei a Provincetown em 2016, trouxe comigo uma pasta com os desenhos que havia feito em Miami durante o inverno americano. Mostrei meus desenhos ao amigo Tom, um dos meus maiores incentivadores, e ele me desafiou: - Porque você não monta uma exposição? Minha primeira reação foi rir, e achar que aquilo não tinha cabimento. Mas outra parte de mim se sentiu desafiada... 

Eu tive também um sentimento de intimidação. A quantidade de galerias de arte em Provincetown é inversamente proporcional ao tamanho da cidade: são várias, e tem muitos artistas renomados, que expõem trabalhos muito bonitos e interessantes. Tive dúvidas e por vezes pavor em pensar numa exposição, mas topei o desafio em segredo: só eu sabia que eu realmente estava comprometido em realizá-la. Decidi começar pelos lugares que eu mais gostava na cidade, em seguida as edificações. Quando mostrei alguns dos meus desenhos ao Phillip - um dos proprietários do The Red Inn - ele também me incentivou a exibi-los. Depois desse encontro, marquei a data da instalação: 04 de outubro de 2016. Agora, com data marcada o tempo parecia correr ainda mais... Eu ainda tinha que pensar nas molduras, na escolha das peças (naquela altura já eram 14), na ficha técnica... foi muito aprendizado e trabalho até esse bendito dia. Meu companheiro Doug Repetti me ajudou a pendurar e dispor as peças "como se estivesse contando uma história. Ainda tinha uma lâmpada especial para destacar um dos trabalhos. Não exitei escolher o primeiro deles "Lighthouse on Waves" - foi o primeiro a ser vendido (D. Quinn Taylor, meu primeiro cliente). Tanta gente  envolvida nesse processo, um sentimento enorme de gratidão e a certeza de que cada uma dessas pessoas serão pra sempre parte dessa história.

(E)  When I came back to Provincetown in 2016 for my second season, I brought with me a folder containing all the drawings I made in Miami, during the American winter. I showed those drawings to my friend Tom, and he - as one of my supporters - challenged me: "Why don't you make an art exhibition? My first reaction was laugh, thinking that would be impossible. But another part of myself liked the challenge. I also felt intimidated: The amount of art galleries in Provincetown is inversely proportional to the town's size: there are many and there are lots of renowned artists who show really beautiful and interesting artwork. I had self doubt and sometimes dread thinking about an exhibition, but I accepted the challenge in secret: only I knew I was comitted to accomplish it. I decided to start to draw my favorite spots in town, inluding buildings. When I showed some of those drawings to Phillip (one of The Red Inn owners), he also encouraged me to exhibit them. After this, I appointed the installation date: October 4, 2016. Now, with a date, time seems to run faster.  I still had to think about the frames, choose which pieces go to the show (at that time there were 14), info tags... it was lots of learning and work until that blessed day. My parter Doug Repetti helped me to hang and display the pieces "as I was telling a story". At the gallery they had a special light to feature one of the artworks. I had no doubt that the one I would feature would be the first one I finished: "Lighthouse on Waves" - that was the first one to be sold (D. Quinn Taylor was my first customer). So many people involved in this process with me... a great feeling of gratitude and the assurance that each one them will be forever part of this history.

Meu primeiro Painting Ptown e "O Barquinho"


(P)  Em abril de 2015 meus amigos Tiago and Phillip me chamaram pra passar uma temporada de verão em Provincetown, no estado de Massachusetts. Pela primeira vez nos Estados Unidos, cheguei naquela cidade no meio da primavera. Alguns dias depois, eu estava participando de um evento de pintura chamado Painting Ptown, organizado pelo novo amigo Thomas Acone. Nos jardins do mesmo restaurante aonde eu já trabalhava, tive a minha primeira experiência com um jogo de tinta acrílica e uma tela pequena. No horizonte encontrei minha inspiração: céu azul, o mar, um barquinho amarrado na praia, e a maré subindo. Fiquei feliz com essa experiência e tratei de repetir apenas dando vida às linhas e contraste de cores que vieram na minha imaginação. Lápis de cor e papel são a minha mídia favorita, mas ainda vou me aventurar mais a fundo nas tintas. Quando a gente se permite expressar nossa imaginação em qualquer tipo de arte, coisas interessantes acontecem. Cada escolha, cada erro, cada  frustração... Tudo isso acrescenta no resultado final, que por sua vez pode sempre ser melhorado. E o melhor dessas experiências é o reencontro consigo mesmo, puro o autoconhecimento.

(E)  In april of 2015 my friends Tiago and Phillip invited me to spend a summer season in Provincetown (MA). My first time in US, I arrived in that city in the middle of srping. A couple of days after I was joining a painting party named "Painting Ptown" promoted by my new friend Thomas Acone. At the garden of the same restaurant I worked, I had my first painting experience with a set of paint and a small canvas. I found on the horizon my inspiration: 


sexta-feira, 10 de novembro de 2017

"The Breakwater" - "The Race Point Spot (2016) Série Provincetown Through My Eyes

(P)  Fechando a série "Provincetown Thru My Eyes" acrescentei dois lugares que são muito especiais pra mim. A primeira imagem é o Breakwater de Provincetown - uma contenção feita com enormes blocos de rocha e que servem para impedir a erosão provocada pelo vai e vem das marés e também para reter que a vegetação rasteira dos moors, que ajudam a fixar a areia. O Breakwater liga a Commercial Street com Wood End Lighthouse e é também um ponto turístico da cidade. É sem dúvida um dos melhores pontos da cidade pra se observar a lua e as estrelas. O Breakwater foi o "meu lugar favorito" em 2015.
 Já em 2016, passei a ir com mais frequência à  Race Point - uma praia de mar aberto, com grandes ondas do lado oposto do Cabo. O caminho até lá é nada mais do que uma ciclovia com subidas e descidas numa área de dunas e em alguns pontos em meio a florestas de pinnus. Além do exercício fisico, era pra mim como um processo: sair da cidade, pedalar em meio à natureza e chegar praia de Race Point. Lá existe um deck com dois bancos de frente pro mar onde meditei, me encontrei e me determinei. Uma vez, sentado no banco da direita, uma raposa se aproximou, farejou meu pé e se foi. Esse lugar foi o "meu lugar favorito" em 2016.

(E)  Completing my "Provincetown Thru My Eyes" Series I drew 2 very special spots to me. The first image is "The Breakwater". The breakwater is a barrier made with enourmous blocks of granite that hold the erosion caused by the tides and also to keep the moors vegetation, that helps to fasten the sand. The breakwater links Commecial Street with Wood End Lighthouse and is a touristic attraction in town. It's a great spot to appreciate the moon and the stars and it was my favorite spot in 2015. 
  In 2016 I started to go more often to Race Point - a beach on the ocean side with big waves on the opposite side of the Cape. To get there, there is a biketrail with hills up and down by the dunes and pine tree forest. Besides the exercise, for me it was like a meditation process: leave town, ride bike by nature and arrive in Race Point Beach. There is a deck with two benches facing to the sea where I meditated, found myself and got determined to accomplish my exhibition. One time, seated at the right bench, a fox approached, sniffed my feet and gone. That was my favorite spot in 2016.